Um projeto que acredita nos sonhos de jovens jogadores: é assim que o coordenador do Projeto Jovem Atleta descreve a iniciativa. O grupo de mais de 20 crianças e adolescentes, que treina na quadra externa da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Mário Meneghetti, no loteamento Getúlio Vargas, viajará na próxima semana ao Uruguai, representando o país no Torneio Copa São Carlos. Entre diversos obstáculos que vão além do campo de treino, alguns dos meninos já colecionam conquistas. Um deles logo estará vestindo as cores azul, preto e branco na Escola de Futebol do Grêmio FBPA, na capital.

O torneio é a fase classificatória para o Mundial do Chile de futebol de sete, que ocorre em janeiro do ano que vem. Caso sejam classificados, o projeto representará o Brasil entre países como Argentina, Paraguai e Uruguai. A Copa São Carlos une os projetos sociais que atendem jovens em situações de vulnerabilidade social, sem condições de ingresso em escolinhas de futebol particulares. Em 2012, o Jovem Atleta participou da Copa Danone, momento que os impulsionou para o torneio nas terras uruguaias. A classificação há sete anos deixou o projeto em terceiro lugar, atrás apenas de times das escolas do Grêmio FBPA e Sport Club Internacional - os meninos faziam parte do único projeto social presente no evento.

"Às vezes eu não consigo nem dormir de ansiedade, mas sigo com o pensamento positivo", destaca Wesley Ferreira. Ele é o capitão do time sub-14 e estará na próxima semana no Uruguai, junto aos colegas. A ansiedade de visitar o país se mistura com as possibilidades que existem junto da participação no torneio. Para o coordenador do projeto, Carlos Oliveira, a expectativa é que diversos olheiros de outros clubes estejam presentes, avaliando o desempenho dos jogadores. "Eu não vejo a hora de ir", conta o pequeno Pedro Costa, de 11 anos.

Os treinos do time são no pátio da Escola Mário Meneghetti, há pouco entregue após reformas e construções de novas salas de aula. As obras, contudo, afetaram as condições do local de treino, ressalta o treinador. Caminhões pesados, com areias e britas, tomaram conta da grama que a bola de futebol circula, deixando buracos e espaços rebaixados no solo. Um dos jogadores, Alejandro Soares, torceu o tornozelo em um dos lugares sem grama e fora do nível do campo. A animação quanto à viagem ao país vizinho foi um dos remédios para auxiliar na melhora do pequeno jogador.

Quanto ao espaço dos treinos, a diretora do colégio, Tais Louzada, lembra que a Secretaria de Educação e Desporto (Smed) conhece a situação e prometeu em breve reformar o campo de futebol.

Novos campos
Apesar do envolvimento com o projeto e os colegas de jogo, Alejandro não participará do Mundial do Chile no ano que vem - caso sejam classificados - tampouco do Jovem Atleta. Isso porque ele foi selecionado para fazer parte da Escola de Futebol do Grêmio. Assim que completar 14 anos, viajará a Porto Alegre e começará os treinos, no próximo ano. Novos colegas de treino, nova escola e nova cidade: todas as peças que envolvem a rotina de Alejandro serão novas, mas ele não parece se preocupar com isso e o entusiasmo fala mais alto.

Doações para seguir
A ida e volta até o Uruguai custa cerca de R$ 4,5 mil ao projeto, valor que foi arrecadado com auxílio de empresas, rifas e campanhas. Carlos Oliveira enfrenta a situação como uma "batalha de corpo a corpo", em uma busca por doações que se estende há 11 anos. Para que sejam retirados, os uniformes dos jogadores também precisam de doações. "É aquela coisa, a gente mandou fazer sem saber se ia conseguir retirar", afirma. Qualquer valor é bem-vindo ao projeto e o contato pode ser feito pelo (53) 99192-0441 ou na página do Facebook de nome Projeto Jovem Atleta.